SOBREVIVENTE

Aí o Senhor me mandou dizer a Baruque: - Estou destruindo o que construí e arrancando o que plantei. Farei isso em toda esta terra. Será que você está querendo ser tratado de modo diferente? Não espere isso. Eu farei a desgraça cair sobre toda a humanidade, mas você pelo menos escapará com vida, esteja onde estiver. Eu, o Senhor, falei.” (Jeremias 45.4,5- NTLH). A profecia de Jeremias, tal como está na nossa Bíblia, não foi editada em ordem cronológica, o que é facilmente perceptível quando se lê todo o livro de forma sequencial. Assim, por exemplo, o capítulo 45 deveria ter sido colocado logo após o capítulo 36, que conta como o Senhor ordenou a Jeremias que ditasse a Baruque todas as mensagens que havia proferido durante vinte e três anos de ministério, e como o secretário do profeta escreveu-as num rolo de papiro (o livro da época) e leu-as perante o povo no templo de Jerusalém. Ao ouvirem essa leitura, os príncipes, principais auxiliares do rei Jeoaquim, pediram a Baruque que a fizesse novamente, agora no palácio real, a uma audiência seleta de altos funcionários do governo. Estes pedriam o livro a Baruque e levaram-no ao rei, que, ao conhecer seu conteúdo ficou tão irritado que queimou-no na lareira e ordenou aos príncipes que prendessem Jeremias e Baruque. Todas essas experiências extenuantes sobrecarregaram a alma já atribulada de Baruque, que queixou-se: “Eu desisto! O Senhor Deus aumentou a minha tristeza e o meu sofrimento. Estou cansado de gemer e não consigo descansar!” (Jr.45.3 –NTLH). O Senhor, então, mandou Jeremias transmitir-lhe o recado acima transcrito, que pode ser resumido da seguinte maneira: “Diante daquilo que vou fazer com esse povo, você deveria estar feliz por apenas conseguir sobreviver.” Hoje também somos meros sobreviventes, em meio a esse mundo torto, depravado e condenado em que vivemos. Frequentemente nos sentimos como os últimos dos mortais em certas situações e ambientes em que forçosamente precisamos estar ou temos que frequentar em razão da nossa posição na sociedade. Penso nesse momento, por exemplo, nos policiais cristãos. Nosso único consolo é a promessa feita a Baruque, e também a nós: “Você pelo menos escapará com vida, esteja onde estiver. Eu, o Senhor, falei.” “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou privação, ou perigo, ou espada? Mas em todas essas coisas somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm.8.35,37).