DESERTOR

 

 - (2Tm 4.10) “Porquanto Demas, havendo amado mais o mundo secular, me abandonou e se foi para Tessalônica”. Ninguém aprova e nem respeita a atitude de um desertor. A própria palavra dá a ideia de covardia, deslealdade e fraqueza de caráter. Os desertores fogem não apenas dos campos de batalha, mas de todo o tipo de situação difícil e dos desafios de uma caminhada de fé. O relato de Paulo sobre um homem chamado Demas ilustra muito bem como algumas pessoas permitem que “a boa vida” ou as “circunstâncias” que esse mundo oferece os transforme em desertores. Apenas para ilustrar veja esta pequena história: Em 1812, Napoleão invadiu a Rússia de um modo não muito inteligente. Quando seus súditos começaram a fazer oposição ruidosa à investida contra a Rússia, ele ficou preocupado e correu de volta para sua casa, deixando seus soldados para trás, para que se virassem sozinhos. Ao usar uma balsa controlada por um russo para atravessar certo rio, Napoleão perguntou: algum desertor já passou por aqui? Não, respondeu o homem! O senhor é o primeiro. Aquele que deserta, tem a sua identidade estampada. Esta reflexão vai nos mostrar quem foi Demas, suas motivações, porque abandonou a fé, e lições práticas para os nossos dias. I – QUEM FOI DEMAS? Ele cresceu na fé com o apóstolo Paulo, assim como Marcos, Lucas e outros discípulos. Imaginem quantos milagres Demas presenciou? Quantos discursos apaixonados de Paulo, Lucas, Marcos, Timóteo, Epafras, do mestre Apolo e outros que pregavam e ensinavam a Palavra de Deus. Demas estava presente quando Paulo escrevia a carta aos Colossenses. Paulo tratava de heresias ensinadas em Colossos. (O sincretismo religioso), ou seja, misturas, fusão de elementos religiosos e culturais diferentes, e até antagônicos em um único culto, no caso em Colossos, estavam misturando legalismo judaico com especulações filosóficas, guarda do sábado, questões de alimento, ritual de circuncisão (Cl 2.11,16), adoração a anjos (Cl 2.18) e assuntos como; a que o corpo era intrinsicamente mau (Cl 2.21,23). Ao defender os colossenses dessas heresias Paulo mostra a supremacia e plena suficiência em Cristo, a pessoa e obra de Cristo (Cl 1.15-23). Porque estou relatando tudo isso? Porque Demas estava lá ouvindo e vendo tudo acontecer e as defesas que Paulo fazia (Cl 4.14). “Lucas, o médico amado, e Demas vos cumprimentam carinhosamente”. Que privilégio, esse discípulo teve. II – QUAIS AS MOTIVAÇÕES DE DEMAS - Demas conheceu a Cristo, provavelmente ouvindo as pregações apaixonadas de Paulo. Depois de render-se a Cristo, Demas se envolveu nos combates com Paulo. Suas motivações eram; servir ao seu mestre, aprender dele, viver para Cristo e colaborar com o reino de Deus. Eu o vejo querendo colaborar no que pudesse, assim como um filho pequeno que deseja fazer o que o seu pai está fazendo. Via de regra, uma criança deseja ser igual ao seu pai. Assim Demas queria ser igual ao seu pai na fé, Paulo, pois via Cristo agindo na vida dele. Isso o motivava, por isso ele foi um colaborador de Paulo, (Fl 23,24) “Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, envia-te saudações, assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores”. III – PORQUE DEMAS ABANDONOU A FÉ - No ano 64-Dc no dia 18/07, aconteceu um grande incêndio em Roma, houve rumores de que o próprio imperador Nero era o responsável pelo incêndio, Nero culpou os Cristãos e começou uma grande perseguição; uns eram lançados aos cães, leões, outros crucificados e queimados. Nesta época foram escritas as últimas mensagens de Paulo em II Timóteo. Paulo estava prestes a ser morto, como ele mesmo diz: (2Tm 4.6) “porque eu já estou sendo oferecido por sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” Jesus já havia advertido quanto a isso (Jo 16.33) “Neste mundo sofrereis tribulações; mas tendes fé e coragem! Eu venci o mundo”. Na jornada, existem lutas, combates, açoites e às vezes perseguições, há tristezas no caminho para o céu. Infelizmente parece que Demas não suportou; esta é minha suposição, (2Tm 4.10). IV – LIÇÕES PRÁTICAS - Se hoje houvesse uma perseguição, tal qual, no tempo de Nero; será que todos nós Cristãos estaríamos aqui? Aceitaríamos morrer queimados ou crucificados para não negar a fé? Passar o resto da vida em uma prisão? Quantos “Demas” temos em nossa geração? E quantos “Paulos” existem em nossa igreja? Se na maioria das vezes não conseguimos suportar as mínimas provas, como suportaríamos as mais fortes? A palavra de Deus continua a nos exortar (Mt 24.13) “aquele que perseverar até o fim será salvo”, ou seja, não é o que inicia e deserta, mas o que permanece e persevera até o fim. Melhor teria sido para Demas ter começado no mundo e terminado com Cristo do que ter conhecido a salvação e trocá-la pelo mundo! Neste caso, feliz foi o ladrão da cruz que tendo vivido como um pecador no mundo todo o tempo, conheceu a Cristo na cruz e crucificado com ele, creu e recebeu a salvação, morrendo horas depois. Demas pode ter vivido muitos anos depois de ter negado a fé, não sabemos, pois, a bíblia não relata, até mesmo, se veio a se arrepender posteriormente. Contudo, quão pouco tempo é, se comparado a uma eternidade no inferno. Pense nisso, e jamais troque a vida e o gozo eterno com Deus pelas alegrias passageiras do mundo (Ap 3.11) “Eis que venho sem demora! Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.