Total de visualizações de página

sábado, 16 de setembro de 2023

TURBILHÃO

 Todos nós temos emoções e, às vezes, lutamos com elas. Por quê isso acontece? De onde elas vêm? Como devemos tratá-las? Estudiosos de filosofia, psicologia, sociologia e muitas outras “logias” têm refletido sobre essas perguntas durante séculos. As perspectivas variam de “elas são A coisa mais importante” a “são completamente irrelevantes”. Em nossa cultura e em nossas igrejas, geralmente há mais confusão do que clareza em torno deste assunto.

Por exemplo, minha amiga Sue veio de um lar cristão bastante estoico, onde a expressão emocional era considerada algo desagradável. Ela cresceu pensando que um “bom cristão” nunca deve expressar tristeza, desapontamento, ira nem medo. Isso mudou recentemente de forma drástica, quando Deus permitiu um grande sofrimento na vida de Sue. A fina camada de verniz de indiferença que ela construiu enquanto crescia despedaçou-se. Sue desmoronou. Sem saber o que fazer com as emoções profundas, ela começou a temer o medo e a se desesperar com a tristeza. Quando fez uma tentativa de simplesmente entorpecer suas emoções, por meios legais e ilegais, isso não a ajudou muito, e Sue me procurou.

Embora não tenhamos encontrado na Bíblia o capítulo com os “10 passos em direção ao bem-estar emocional”, Sue e eu descobrimos juntas o quanto a Palavra de Deus tem a dizer sobre como nos sentimos. Adquirir uma perspectiva bíblica sobre as emoções marcou literalmente uma mudança de vida para Sue; seu turbilhão emocional está progressivamente dando lugar à alegria e clareza trazidas pela verdade bíblica.

Compreendendo as emoções
Começamos nosso estudo em Gênesis, onde Deus diz que as pessoas são criadas à Sua imagem (Gn 1.26). As emoções devem, portanto, ser uma parte boa e legítima de quem somos, porque são claramente parte do caráter perfeito de Deus (veja 1João 4.8 e Romanos 1.8). Na verdade, as emoções santas de Deus são o padrão ou modelo para nós – isso significa que, diante das circunstâncias, deveríamos sentir da mesma forma que Deus.

Ao longo das Escrituras, vimos também que somos chamados a nos relacionar com o Senhor e com os outros com expressões emocionais. Aqui está apenas uma amostra:

A distorção das emoções
Infelizmente, após a queda do homem no pecado (Gn 3), não demorou muito para que a expressão emocional santa se tornasse radicalmente distorcida. Adão e Eva ficaram com medo e envergonhados (3.10), Caim expressou sua ira assassina (4.5) e depois se entregou à autopiedade (4.13). Em seu excelente livro intitulado Feelings and Faith, Brian Borgman observa “a reversão emocional insana que ocorreu. Aquilo que é, em última análise, belo, glorioso e capaz de nos satisfazer, ou seja, o relacionamento com Deus, foi abandonado por nós porque amamos o que não nos satisfaz nem é belo, ou seja, o pecado. Esse é o cerne das emoções que se distorceram (Jr 2.13)”.[1]

Vivemos hoje em meio a um turbilhão emocional: amargura, ira, queixas, inveja, ansiedade, preocupação e desespero. As emoções passam a dar direção à nossa vida quando permitimos que elas controlem o que acreditamos ou o que fazemos. Nós reagimos pecaminosamente em vez de agir da maneira certa. Ficamos irritadiços ou excessivamente sensíveis.

Martin Lloyd-Jones escreveu: “Um dos maiores problemas em nossa vida neste mundo, não só para os cristãos, mas para todas as pessoas, é lidar corretamente com nossas emoções e sentimentos. Oh, a devastação que é provocada, a tragédia, miséria e desgraça que encontramos no mundo simplesmente porque as pessoas não sabem como lidar com suas emoções!”.[2]

A redenção das emoções
O que podemos fazer diante de tudo isso? Em vez de abafar e negar as emoções ou deixarmos que elas nos controlem e dirijam, Deus nos chama para falar com Ele a respeito delas. Sue não precisava se sentir culpada por ter emoções profundas em seu momento de sofrimento; ela só precisava saber a quem levá-las e como expressá-las. Deus deseja que compartilhemos nossa vida com honestidade diante dEle (Is 55Mt 11.28). Nos Salmos, encontramos palavras que nos aproximam de Deus quando estamos sobrecarregados e imersos em uma confusão emocional. Os Salmos são honestos e claros sobre as alegrias da vida, mas também sobre as tristezas, adversidades e dores. Sue e eu começamos a devorar os Salmos de lamentação. Nós saboreamos demoradamente cada porção, cada verso. Nós conversamos sobre o que lemos, e pensamos, meditamos e oramos sobre aquele conteúdo, relacionando-o à vida de Sue.

Os Salmos também nos lembram da bondade, misericórdia, benignidade, poder, amor e justiça de Deus. Contemplar os atributos de Deus e a beleza de Sua verdade transforma-nos “de glória em glória” (2Co 3.18). Conforme Sue e eu considerávamos juntas os vários Salmos e outras passagens das Escrituras, os desejos e pensamentos do seu coração foram gradualmente renovados e reorientados pelo Senhor, que se tornou mais pessoal para ela. A presença e cuidado de Deus tornaram-se reais – ela creu no Deus verdadeiro, de acordo com o que a Bíblia diz. À medida que Sue crescia na prática de pensar corretamente (Fp 4. 4-8), suas emoções começaram a se estabilizar (Sl 112.7). Ela começou a provar e ver que o Senhor é bom e a experimentar a bênção de se refugiar nEle (Sl 34. 8).

Reconectar Sue com seu amoroso Senhor trouxe-nos grande alegria!

Perguntas para refletir
-1-  Com qual frequência você usa os Salmos para ajudar outras pessoas a crescer em sua capacidade de expressar emoções a Deus com honestidade? Quais são seus salmos favoritos?
-2- Como a Palavra de Deus esclarece parte da confusão cultural sobre as emoções?


Nenhum comentário:

Postar um comentário

LADRÕES

 QUATRO TIPOS DE LADRÃO O primeiro é Zaqueu, o político, que roubava os impostos. Encontrou-se com Jesus, arrependeu-se, devolveu o que havi...