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quinta-feira, 14 de maio de 2015

A ARTE DO SILÊNCIO

Silenciar em determinados momentos da vida é uma demonstração de sabedoria e discernimento. Tiago nos dá esta indicação quando declara: “Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar” (1.19). Geralmente desejamos falar, falar e não ouvir atentamente. O substantivo silêncio em sua construção nos traz lições de valor inestimável. Não podemos confundir este tipo de silêncio com omissão. Não admitamos, em hipótese alguma, nos silenciarmos ou nos omitirmos diante do erro, da corrupção e de toda a forma de injustiça dentro e fora da igreja de Jesus. O silêncio tem a ver com serenidade. A qualidade de sereno, tranqüilidade de espírito; imperturbabilidade de ânimo; estado de doçura e paz. É a capacidade de, a sós ou acompanhado, manter-se absolutamente seguro de sua postura. Não se exaspera. Não fica impaciente, perturbado e raivoso. É a capacidade de manter-se calmo e tranqüilo, sabendo que Deus honra àqueles que descansam nEle (Sl 37.7). Os que confiam nEle não serão decepcionados. Serenidade é uma característica da sabedoria do alto, como nos ensina magistralmente Tiago: “Mas a sabedoria que vem do alto é, em primeiro lugar, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia” (3.17). O silêncio nos aponta para o nosso interior. O nosso mundo interior deve estar em conexão com toda a vontade de Deus ministrada pelo Espírito Santo. O interior em ordem sabe silenciar na hora certa. O nosso homem interior deve ser inteiro, sem fragmentação ou divisão. A mente de Cristo produz o homem interior bem ajustado, alinhado e comprometido com a prudência de Cristo Jesus. O Espírito Santo domina o interior do cristão, dando a ele a capacidade de reagir sabiamente às demandas do dia a dia. É interessante que o silencio nos indica liberdade. Paulo nos ensina que foi para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5.1). Esta é a liberdade do nascido de novo. Não é uma liberdade circunscrita a espaço geográfico, mas no Espírito dominando o nosso ser. A liberdade interior, do coração livre em Cristo Jesus, aprendendo dEle que é manso e humilde de coração (Mt 11.29). Somos livres para fazermos toda a vontade de Deus exposta nas Escrituras. Liberdade para falar e para silenciar. A arte de silenciar está ligada ao ensino. Quando silenciamos temos mais condições de aprender. No silêncio, especialmente sozinhos, recebemos a capacidade de reflexão. Em silencio com o próximo, podemos sorver dele preciosos ensinos. Jesus silenciou algumas vezes. Ele não respondeu ao agravo, às provocações dos religiosos judeus. Ao ficar calado, o Senhor Jesus nos deu preciosas lições. Sabemos que em determinados momentos ouvir é melhor do que falar. É importante ressaltarmos que silêncio nos leva a refletir sobre a nossa natureza divina. Aprendemos com Jesus Cristo a silenciar e a ouvir. A natureza de Cristo em nós (Cl 1.27) nos conduz a nos calar no momento oportuno. A sermos mansos e humildes de coração. A reconhecermos nossas limitações. Temos um forte combate contra a nossa inclinação para tagarelar e não para ouvir com atenção, de forma silenciosa e respeitosa. O Espírito Santo em nosso espírito nos faz mais que vencedores sobre a carne e suas inclinações. Não podemos nos esquecer de que o silêncio nos leva à comunhão. Quando aprendo a silenciar, o nosso irmão poderá falar. Se os dois falarem ao mesmo tempo, como haverá comunhão? A prudência nos conduz ao diálogo que contempla o falar e o ouvir. Tempo de falar e tempo de ficar silente (Ec 3.7). A comunhão se estabelece quando há respeito mútuo, quando a mutualidade está em Cristo Jesus. Silêncio tem muito a ver com intercessão. Há muitos que oram silenciosamente. Para interceder em voz alta, preciso primeiro estar calado diante do Pai. Interceder é estar entre o Senhor e o nosso próximo. Neste ponto, é o Senhor que vai falar e vai agir. Como nos ensinam os filhos de Coré: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra” (Sl 46.10). Precisamos aguardar em silêncio a salvação ou o livramento que vem de Deus (Lm 3.26). Em último lugar, quando pensamos no substantivo silêncio, lembramos de ordem. Quando aprendemos a ficar calados é porque há ordenamento em nosso homem interior. O nosso Deus não é de desordem, mas de ordem. Ele colocou, pelo Seu Espírito, ordem no caos (Gn 1.2). A pessoa que fala muito geralmente está em desordem interior, em descompasso no coração. Devemos nos valer da Palavra de Deus, que é viva e eficaz, que penetra até a divisão da alma e espírito, discernindo pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12). Aprendamos a ficar em silêncio diante de Deus e dos homens. O Senhor conhece o nosso coração. Ele sabe dos nossos motivos. Conjugar o verbo silenciar significa agir com sabedoria e discernimento. Jesus é o nosso modelo de sabedoria. Aprendamos com Ele que há tempo para falar e para silenciar. Que o Senhor nos dê a capacidade de resistir às pressões que nos provocam a falar. Mais uma vez cito Tiago: “Meus amados irmãos, tende certeza disto: “todo homem deve estar pronto para ouvir, ser tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (1.19,20).

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