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quinta-feira, 28 de maio de 2015

TROVÕES

“Essas coisas são os seus atos mais simples. Como é leve o sussurro que ouvimos dele! Mas quem poderá entender o trovão do seu poder?” (Jó 26.14). À altura do capítulo 26, o livro de Jó caminha para o grande desfecho, com três grandes discursos: o de Jó, em que de novo sustenta sua integridade e sinceridade, e lamenta o seu estado miserável, bem como a sua impotência (capítulos 26 a 31); o de Eliú, que repisa o conteúdo dos discursos de Elifaz, Bildade e Zofar (capítulos 32 a 37); e o do próprio Deus (capítulos 38 a 41). Este último discurso, que é o ponto alto do livro, é um tanto desconcertante para quem esperava uma resposta de Deus aos dois pedidos de Jó: uma explicação de seu sofrimento e uma oportunidade para defender-se. Ao contrário, o Senhor desfia as maravilhas da sua criação, com fim de mostrar a Jó justamente o que ele próprio diz no versículo acima. Se ele fica abismado com os sussurros de Deus – sua revelação na natureza – como poderá entender os trovões do sua soberania? Temos a tendência de desvalorizar a chamada “revelação natural”, mas a própria Palavra de Deus não traça nenhuma linha divisória nesse sentido. Por exemplo, lemos em Isaías: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos , nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto que a terra, os meus caminhos são mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos.” (Is.55.8,9). Os caminhos de Deus são um mistério para nós. Entretanto, penso que Jesus é quem expressou melhor o que o discurso de Deus quis dizer, quando usou duas maravilhas da natureza para ensinar que o bem maior do crente é o reino de Deus e a sua justiça: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros; mas vosso Pai celestial as alimenta (....) Olhai como os lírios do campo crescem; eles não trabalham nem tecem; mas eu vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.” (Mt.6.26,28,29). Isto não é tão parecido com o que Deus disse a Jó? Elias, nas entranhas da caverna em que se escondeu derrotado, foi impressionado pelo furacão, pelo terremoto e pelo fogo, mas só percebeu a presença de Deus no ruído de uma leve brisa, como se fosse um... sussurro. Então o Senhor falou com ele e deu-lhe nova missão. Quando formos capazes de ouvir melhor os sussurros de Deus, seremos capazes de entender nossa fragilidade e o seu poder de agir em nós e por meio de nós.

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