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terça-feira, 30 de junho de 2015

UMA HISTÓRIA DOIS FINAIS

Era uma vez um homem que errou. Ele sempre foi bom de palavras. Um dia, usou a sua habilidade para menosprezar um artista que morrera num acidente. Como seu gesto foi abominável, vilipendiando gratuitamente a honra de um jovem, milhares de pessoas gritaram. Sua ofensa foi respondida com ofensas impublicáveis. Sua violência breve provocou violências múltiplas. Seu veneno matou um morto. As pedradas afiadas que recebeu eram suficientes para para sufocar um vivo. O homem que errou decidiu pedir desculpas. Profissional de palavras, escreveu: -- Eu fui mal interpretado. Não foi isto que eu quis dizer. Ele queria apenas limpar a sua imagem. Não foi perdoado. Talvez não fosse mesmo, não importava o que dissesse. Perdoar é para poucos. Assim mesmo, ele deveria ter primeiramente refletido para concluir que errara e então tomar a iniciativa de admitir isto publicamente, já que fora global a sua ofensa. Admitir o erro, no entanto, é também para poucos. Era uma vez um homem que errou, outro homem, outra história. Não foi com palavras, nas quais era muito bom. Algumas delas, escritas em pedra, jamais foram esquecidas por todos quantos um dia se deixaram inspirar por elas. Um dia, ele errou. Quando foi advertido, primeiramente negou. Foi por pouco tempo, é verdade. Quando as palavras sobre seu erro foram se alojando no seu coração, as lágrimas começaram a pingar dos seus olhos, até virarem soluços incontroláveis. A tristeza diante do mal que fizera inundou seu corpo. Ele não pecara sozinho, mas admitiu sozinho o peso da sua transgressão: "Senhor Deus, pequei contra ti, contra ti pequei. Cedi. Caí. Desci ao abismo mais escuro. Pronto estou para reparar o dano que causei. Perdoa-me, para que o meu coração seja puro". Esse segundo final é o único digno quando escrevemos histórias tristes.

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