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sexta-feira, 3 de julho de 2015

A TEMPERATURA DA PALAVRA

As palavras têm temperatura. Às vezes, estão com febre. Como as ideias circulam, nós as escutamos. Ouvindo-as, guardamos umas como nossas e desouvimos outras como distantes daquilo que sentimos. Quando as ideias circulam, aplaudimos umas, como se as tivéssemos pensado, e discordamos de outras, que julgamos impróprias, impertinentes, inadequadas, infelizes, injuriosas. Diante das ideias que não aprovamos, é que a febre pode vir, revelando a nossa enfermidade. Em lugar de apenas apor nosso selo de rejeição, nós partimos para o debate, o que é muito salutar. Ideias devem ser partilhadas e compartilhadas, ideias devem ser debatidas e combatidas. O processo se aplica às nossas ideias e às ideias dos outros. Diante das ideias dos outros, devemos argumentar, como aceitamos que façam quando esposamos as nossas perspectivas. Não precisamos atacar o emissor das ideias com as quais não concordamos. Por mais absurdo que nos soe o que alguém nos diz, devemos combater o que foi dito, não quem o disse. As ideias merecem adjetivos, não os seus autores. Quando nos exaltamos e ofendemos aquele que se posta no campo oposto ao nosso, perdemos a razão que imaginamos ter. E se o outro lado se expressa com violência, lembremos que nós nos tornamos iguais a quem combatemos se, por exemplo, apelamos para o xingamento. No debate, nunca devemos deixar de lado o respeito pelo outro, mesmo quando profira palavras que nos pareçam absurdas. No debate, sempre devemos tratar o outro como gostaríamos de de ser tratados, mesmo quando estamos errados. No debate, devemos também considerar que podemos trocar de lado, defendendo ideias hoje que ontem repudiávamos. Desclassificar o outro nos desclassifica. A razão não precisa ser gritada. A verdade não precisa de palavrão. Quando debatemos, precisamos prestar atenção no termômetro das nossas palavras.

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