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sábado, 11 de julho de 2015

DANDO NOMES AOS BOIS

“Ai dos que decretam leis injustas e dos que escrevem decretos opressores; para negar justiça aos necessitados e tirar o direito dos aflitos do meu povo; para despojar as viúvas e roubar os órfãos.“ (Isaías 10.1,2). Engana-se quem pensa que Isaías é um profeta ameno, cujo estilo é diferente, menos duro, que o de Amós e Miquéias, seus contemporâneos. No trecho acima ele se iguala aos dois. Repete o que disse Amós: ”Vendem o justo por prata, e o necessitado, por um par de sandálias. Esmagam a cabeça do pobre no pó da terra, pervertem o caminho dos oprimidos. Os que acumulam violência e destruição nos seus palácios não sabem fazer o que é correto, diz o Senhor.” (Am.2.6b,7a;3.10). E o que disse Miquéias: “Cobiçam campos e tomam posse deles; cobiçam casas e as tomam; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança. Também comeis a carne do meu povo e lhes arrancais a pele e lhes esmagais os ossos e os repartis em pedaços como para a panela e como carne dentro do caldeirão.” (Mq.2.2;3.3). Portanto, Isaías também dava nome aos bois. A Lei de Moisés, que era, por assim dizer, a Constituição da nação israelita, tinha disposições muito claras com o fim de proteger os pobres e os necessitados, os órfãos e as viúvas, bem como os estrangeiros. Porém, em vez de os protegerem, os governantes, os juízes e os sacerdotes tornaram-se seus opressores. Para Isaías e os demais profetas, Judá havia se transformado em uma nação em que havia apenas duas classes de pessoas: opressores e oprimidos. E os opressores usavam seus poderes para produzir leis e decretos que legitimavam seus roubos e expropriações dos bens dos oprimidos. A advertência de Isaías é que Deus não permitiria que eles usufruíssem das riquezas que tomaram por meio da opressão.(Is.10.3,4). No Brasil estamos presenciando, por uma parte dos evangélicos, uma agenda monocórdica que só fala dos ataques à família, e por outra parte, um discurso vazio e vago marcado por estereótipos de esquerda há tempos ultrapassados. É preciso mudar a agenda e dar nomes aos bois, isto é, falar não só da defesa da família, mas também da defesa de todos os que precisam de defesa; falar não somente de preconceito e de amor ao próximo, mas também daquilo que gera as desigualdades sociais. É preciso de falar de pecados e de confissão de pecados; de arrependimento e mudança; de discurso e prática. Precisamos de arautos cristãos que não se vendam ao comodismo pessoal, à ideologia ou ao dinheiro, e que estejam dispostos a clamar em defesa dos pobres e necessitados, dos órfãos, das viúvas e dos estrangeiros, inclusive dos órfãos de pais vivos, das viúvas de maridos vivos, e dos estrangeiros em sua própria terra. Precisamos de pregadores como Isaías, Amós e Miquéias.

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